A aversão à perda pode estar te fazendo perder dinheiro sem que você nem mesmo desconfie disso…
Já se pegou vendendo uma ação vencedora cedo demais ou segurando uma ação perdedora por tempo demais, esperando que ela se recupere?
Você não está sozinho.
Esses são exemplos clássicos de como a aversão à perda pode prejudicar nossos investimentos.
Para investidores iniciantes buscando a independência financeira, compreender e superar a aversão à perda é fundamental para tomar decisões de investimento mais sábias e bem-informadas.
Neste artigo, vamos explorar o conceito de aversão à perda, desvendando sua origem e analisando como ela afeta o comportamento dos investidores.
Com exemplos práticos e estratégias simples, você aprenderá a reconhecer e lidar com a aversão à perda, o que pode encurtar muito seu caminho rumo à independência financeira.
Então, prepare-se para mergulhar no fascinante mundo das finanças comportamentais e descobrir como a aversão à perda pode estar sabotando silenciosamente seu sucesso financeiro.
Pronto para superar seus medos e se tornar um investidor mais confiante?
Vamos lá!
O que é aversão à perda
Aversão à perda é um conceito das finanças comportamentais que descreve a tendência das pessoas de preferirem evitar perdas a obter ganhos equivalentes.
Em outras palavras, nós, seres humanos, sentimos muito mais dor ao perder algo do que alegria ao ganhar algo de valor semelhante.
Essa ideia é baseada na premissa de que as perdas têm um impacto emocional mais forte do que os ganhos.
Para ter uma noção mais concreta, imagine duas situações:
Na situação 1, você encontrou 50 reais dentro do bolso de uma roupa antiga (um dinheiro que estava dado como “perdido” por você).
Na situação 2, você está bebendo água e derrama uma grande quantidade sem querer sobre uma nota de 50 reais que está sobre a mesa, fazendo com que a nota se desmanche e torne-se inutilizável…
Qual emoção seria mais “forte” em você: a alegria inesperada de “encontrar” 50 reais ou a tristeza misturada com raiva de perder a nota de 50?
Não precisa responder em voz alta. Para a maioria das pessoas, a situação 2 é mais intensa.
A teoria da perspectiva de Daniel Kahneman e Amos Tversky
A aversão à perda ganhou destaque com a teoria da perspectiva, desenvolvida pelos psicólogos Daniel Kahneman e Amos Tversky na década de 1970.
Essa teoria desafia a visão tradicional de que os indivíduos tomam decisões puramente racionais e são guiados apenas pela maximização de sua utilidade.
Em vez disso, Kahneman e Tversky demonstraram que as pessoas tomam decisões com base em heurísticas e vieses cognitivos, como a aversão à perda.
Imagine as seguintes situações:
- Você está diante de uma mala fechada, que pode conter 2 mil reais ou nada (zero reais). Você aceitaria trocar essa mala por 1 mil reais garantidos, ou prefere ficar com a mala e correr o risco de ficar com 2 mil ou zero?
- Você está diante de um carnê fechado que contém um valor de dívida a pagar em seu nome. A dívida no carnê pode ser de 2 mil reais ou de zero reais. Você aceitaria trocar o carnê por uma dívida de mil reais sem abrir o carnê antes?
Pense e responda antes de continuar…
O resultado do experimento mostrou que para a maioria das pessoas, na situação 1 a escolha seria trocar a mala e “garantir” os 1 mil reais. Já na situação 2, a resposta da maioria seria a inversa – nesse caso é melhor “arriscar” uma dívida de 2 mil reais, se houver uma chance de não ter dívida nenhuma.
Mas como a aversão à perda afeta as decisões de investimento?
A aversão à perda pode levar os investidores a tomar decisões irracionais que comprometem o desempenho de seus investimentos.
Por exemplo, um investidor pode vender uma ação que está em alta, com medo de perder os ganhos já obtidos, mesmo que não haja razão para acreditar que o preço da ação vá cair.
Imagine alguém que comprou uma ação “INV3” a 10 reais por ação. Quando o valor de “INV3” chegar a 14 reais, o investidor pode começar a achar que o mercado “já subiu demais” e que “não tem outra opção senão o preço cair”, mesmo sem ter evidência nenhuma baseada em dados reais de que a ação já atingiu seu topo de preço.
Quem pode dizer se “INV3” não chegará a 90 reais algum dia?
Por outro lado, um investidor pode se apegar a uma ação em queda na esperança de que ela se recupere, mesmo que a empresa por trás da ação esteja enfrentando dificuldades financeiras.
Em outra situação, o investidor comprou ações de “QUED4”, a 9 reais por ação. Quando a cotação de “QUED4” chega a 4 reais, o investidor começa a acreditar que “o mercado está precificando errado” e que “o preço vai voltar”.
Muitas vezes, o comportamento que se observa é de investidores comprando ainda mais ações de “QUED4”, na esperança de “recuperar o prejuízo e ainda sair com lucro”, novamente sem evidência alguma de que a empresa de fato está indo bem e pode se recuperar.
Um ditado comum entre investidores é: “O fundo do poço algumas vezes tem um porão”, querendo dizer que mesmo quando você acha que “não pode cair mais porque chegou ao fundo do poço”, a cotação pode continuar a despencar a despeito da crença, projeção ou esperança dos outros investidores.
Situações em que a aversão à perda influencia o comportamento dos investidores:
- Venda prematura de ações em alta: Um investidor vende suas ações após um pequeno ganho, com medo de que o preço caia, perdendo a oportunidade de ganhos maiores no longo prazo.
- Apego a ações em queda: Um investidor se recusa a vender ações de uma empresa que enfrenta problemas financeiros, na esperança de que a situação melhore e o preço da ação aumente.
- Diversificação insuficiente: Um investidor prefere a “segurança” de investir apenas em ativos conhecidos e de baixo risco, como poupança ou títulos do governo, perdendo oportunidades de investir em ativos com maior potencial de retorno, como os da renda variável.
Entender a aversão à perda e como ela afeta o comportamento do investidor é fundamental para tomar decisões financeiras mais racionais e bem informadas. A chave é estar ciente de suas próprias emoções e reconhecer quando elas estão influenciando suas escolhas de investimento.
Os efeitos negativos da aversão à perda nos investimentos
a. Permanecer em investimentos ruins por medo de realizar perdas
A aversão à perda pode levar investidores a manterem investimentos ruins por tempo demais, na esperança de que eles se recuperem.
Isso pode resultar em perdas maiores, já que o investidor pode perder a oportunidade de cortar as perdas e reinvestir em opções melhores.
b. Evitar oportunidades de investimento lucrativas devido ao medo do risco
O medo de perder dinheiro também pode fazer com que os investidores evitem oportunidades de investimento potencialmente lucrativas.
Ao não investir em ações, fundos imobiliários ou criptomoedas, por exemplo, os investidores podem perder a chance de diversificar sua carteira e obter retornos mais altos. Com isso, podem atrasar a independência financeira em anos ou décadas…
c. Excesso de cautela e baixa diversificação da carteira
A aversão à perda também pode levar a um excesso de cautela, resultando em uma carteira de investimentos mal diversificada e excessivamente concentrada em ativos de baixo risco.
Isso pode limitar o potencial de crescimento da carteira e aumentar a vulnerabilidade a riscos específicos, como, por exemplo, durante uma queda acentuada da taxa Selic.
Em uma carteira excessivamente concentrada em renda fixa, nessa situação, o rendimento da carteira como um todo pode até ficar abaixo da inflação… o que, na prática, significa perder dinheiro ao invés de acumular!
Estratégias para superar a aversão à perda
Agora que você já sabe dos problemas que esse comportamento pode trazer para a sua meta de independência financeira, vamos ver algumas maneiras de superar esse medo de perder.
a. Estabelecer metas e objetivos financeiros claros
Definir metas e objetivos financeiros claros pode ajudar os investidores a manterem o foco nas razões pelas quais estão investindo e a tomar decisões mais racionais.
Isso inclui estabelecer metas de curto, médio e longo prazo, bem como determinar sua tolerância ao risco e necessidades de liquidez.
Você já começou a fazer o seu planejamento financeiro com metas bem definidas?
b. Diversificar a carteira de investimentos
A diversificação é uma estratégia-chave para minimizar os riscos e maximizar os retornos potenciais.
Investir em diferentes tipos de ativos e setores pode ajudar a reduzir a volatilidade da carteira e aumentar a probabilidade de alcançar seus objetivos financeiros.
Pense na sua carteira de investimentos e responda: em quantos setores você investe? Quantos ativos dentro de cada setor?
Se encontrar uma concentração exagerada e que não se encaixe na sua estratégia de investimento, isso pode ser um sinal de que pouca diversificação.
c. Adotar uma abordagem de longo prazo para investir
Investir com uma perspectiva de longo prazo pode ajudar a superar a aversão à perda, pois os investidores estarão mais propensos a tolerar as flutuações do mercado e a manter o foco em seus objetivos.
Isso pode levar a um maior crescimento da carteira e a uma maior tranqüilidade ao longo do tempo – já que as altas são comemoradas, mas as quedas passam a ser vistas como uma oportunidade de “comprar barato”.
d. Educação financeira e compreensão dos riscos e recompensas
Investir tempo na educação financeira e no entendimento dos riscos e recompensas associados a diferentes tipos de investimentos é fundamental para tomar decisões mais informadas e racionais.
Conhecer melhor os instrumentos financeiros e os mecanismos do mercado pode ajudar a reduzir o medo do desconhecido e a enfrentar a aversão à perda de maneira mais eficaz.
No seu caso – você conhece as opções de investimento que tem à disposição? Sabe escolher entre essas opções as melhores para os seus objetivos?
O conhecimento pode ajudar a reduzir o medo de perda inclusive pela mudança de percepção de risco que se tem de cada tipo de ativo ao longo do tempo. Conforme diz Warren Buffet, um dos mais bem sucedidos investidores americanos de todos os tempos “O risco vem de não saber o que você está fazendo”.
Conclusão
A aversão à perda é um fenômeno psicológico que afeta a maioria dos investidores, especialmente aqueles que estão começando a jornada rumo à independência financeira.
Ao compreender a natureza da aversão à perda e seu impacto nas decisões de investimento, você pode tomar medidas proativas para superar esse obstáculo e tomar decisões mais racionais e informadas.
Lembre-se de que todos cometem erros ao investir, e aprender com esses erros é parte do processo de crescimento como investidor.
Portanto, não deixe que o medo do fracasso o impeça de explorar novas oportunidades e alcançar seus objetivos financeiros. A chave é estar bem informado, diversificar sua carteira, adotar uma perspectiva de longo prazo e estar disposto a ajustar sua estratégia conforme necessário.
Agora que você conhece a aversão à perda e como superá-la, está mais bem preparado para enfrentar os desafios do mundo dos investimentos e alcançar a tão sonhada independência financeira.
Não se esqueça de que a educação é a melhor arma para combater os efeitos negativos da aversão à perda. Portanto, continue explorando nosso blog, onde você encontrará mais artigos interessantes e informativos que o ajudarão em sua jornada rumo à liberdade financeira. Vamos juntos nessa aventura!